Polícia investiga envio de cerca de 500 veículos roubados ou irregulares para a fronteira do RS

Veículos que não poderiam rodar em território nacional eram alvo de uma quadrilha que atuava no Rio Grande do Sul. Os integrantes compravam os carros e os mandavam para o Uruguai. O funcionamento do esquema foi mostrado pela reportagem da RBS TV no programa Fantástico deste domingo (13).

Carros com busca e apreensão ordenadas pela Justiça, multas, licenciamentos vencidos, falta de pagamento e outras restrições estão desaparecendo das ruas brasileiras, principalmente da Região Sul do país, e aparecendo no país vizinho.

O grupo criminoso foi investigado pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), de Bagé, na Região da Campanha do Rio Grande do Sul. Segundo as investigações, em pouco mais de um ano, pelo menos 500 carros foram levados para Aceguá, distante 430 km de Porto Alegre, na fronteira com o Uruguai. Foi lá que a polícia realizou, na última terça-feira (8), a Operação Los Hermanos.

Nesses locais, repletos de carros, carcaças e peças de veículos espalhadas, cinco pessoas foram presas em flagrante por organização criminosa e receptação de veículos. Dois já foram liberados. O homem que seria chefe do grupo não foi encontrado, mas foi indiciado.

De acordo com o delegado Cristiano Ribeiro Ritta, que comandou as investigações, o grupo é formado por pessoas da mesma família e atua em várias frentes.

“São quase todos irmãos e primos. Parte da quadrilha negocia os carros, outros vendem. Alguns são responsáveis por desmanchar os veículos e comercializar peças. Mas o forte da quadrilha realmente é o envio de carros com problemas no Brasil para o Uruguai”, explica o delegado.

Cerca de 50 agentes das delegacias da região e policiais técnicos da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos do DEIC também cumpriram oito mandados de busca e apreensão em endereços onde funcionavam desmanches clandestinos na cidade de Aceguá.

Durante dois meses, a reportagem da RBS TV investigou como esses carros são levados para a fronteira e como passam para o país vizinho e, mesmo com as placas brasileiras, continuam rodando pelas ruas uruguaias sem nenhum problema.

Em páginas de compra e venda de produtos do Facebook ou em grupos fechados de conversas no WhatsApp, integrantes da quadrilha de Aceguá exibiam bolos de notas de dinheiro e as ofereciam a quem quisesse vender veículos.

Mas os carros negociados nesses grupos não são legais. O interesse dos compradores é por veículos com restrições administrativas. Os valores devidos ou para regularizar as situações, muitas vezes, superam o real preço dos veículos, que, na maioria dos casos, têm mais de 10 anos de uso. Por esses motivos, os carros eram comprados por valores muito abaixo do mercado.

Segundo as investigações da polícia, a quadrilha também comprava carros clonados e roubados, mas em contatos diretos com quadrilhas específicas da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Reportagem negocia carro com a quadrilha

Sem saber que estava falando com um repórter pelo WhatsApp, o homem apontado pela polícia como chefe da quadrilha, Samir Izzat, informa como funciona a compra. A reportagem diz para Samir que uma postagem dele foi vista na internet e que tem carros para negociar. Ele diz que tem interesse e que paga à vista.

Na simulação, o repórter diz que tem três veículos populares para vender, que estavam com restrições da Justiça e busca e apreensão: um Corsa, ano 2004; um Pálio, 2008 e uma Saveiro, ano 1998. O homem, que mora em Aceguá, ofereceu R$ 8 mil nos três veículos e o transporte para levar os carros de Porto Alegre para a fronteira. O repórter reforçou que os carros tinham os problemas, mas o homem garantiu (em áudio) que se vendesse para ele nunca mais o incomodaria e ainda revelou para onde mandaria os veículos.

Repórter – Esses carros estão todos enrolados! Se te vender não vai ter problema para mim?

Samir – Não. Depois que eu pego os carros, nenhum anda no Brasil mais. Só circulam no lado uruguaio, entendesse? Não tem mais problema. Tu pode ficar tranquilo. Não vai entrar multa, não vai entrar nada. É um carro que vai lá para dentro do Uruguai e nunca mais anda no Brasil.

O repórter explicou que os carros não estavam no nome dele. Samir disse que o importante era ter o papel deles.

Repórter – Os carros não estão no meu nome, tu compra igual?

Samir – Não tem problema, só tem que ter o papel. E não te incomoda mais. Meu guincheiro vai aí (Porto Alegre), olha as condições e se tiver tudo certinho te paga na hora.

Durante as investigações da Delegacia Especializada de Bagé, que começou no fim de setembro de 2017, a quadrilha teria levado para a fronteira gaúcha cerca de 500 carros e movimentado mais de R$ 5 milhões. Os carros comprados por cerca de R$ 3 mil no Rio Grande do Sul eram revendidos no Uruguai e região por valores que variavam de R$ 5 mil a R$ 20 mil.

A polícia também monitorou integrantes da quadrilha em Canoas e Porto Alegre. Na Região Metropolitana ficavam os motoristas de guinchos responsáveis por pagar os vendedores e levar os carros para Aceguá.

Sem saber que estava sendo gravado por uma câmera escondia, um desses donos de caminhão guincho, que faz parte do esquema, conversou com a reportagem. Com o pretexto de mandar carros para a fronteira, a reportagem marca um encontro com Rafael Preste dos Santos, em Canoas.

Repórter – Quero mandar um veículo para a região de Bagé, na verdade Aceguá. Sai quanto?

Dono do guincho – Depende, são quantos carros? Carga fechada, levo até quatro carros, sai mais barato.

Durante a conversa, o repórter diz que os carros estão com problemas de busca e apreensão, IPVA e licenciamento atrasados.

Repórter – São três carros. Mas eles estão todos enrolados, queria te avisar antes. Estão com busca e apreensão da Justiça e impostos atrasados, licenciamento, etc, tudo enrolado. Não estão no meu nome.

Dono do guincho – Não tem problema. Só trabalho com carro enrolado. Estou quase toda a semana na fronteira, tem os caras que compram carro enrolado. Da para fazer R$ 550 cada um.

Repórter – Mas a polícia não pega?

Dono do guincho – Vou de noite ou de madrugada bem cedo. Busca e apreensão a polícia não pega só com IPVA essas coisas, mandam baixar do caminhão. Mas é difícil, só lá em Bagé mesmo, às vezes. Mas passo de madrugada.

Melo, Uruguai – o paraíso dos carros que desaparecem do Brasil

A maior parte dos carros que são comprados pela quadrilha de Aceguá vai parar nas cidades uruguaias da região. A mais próxima é dividida apenas por uma rua e recebe o mesmo nome do município brasileiro, Aceguá.

Outro município é Isidoro Noblia, que fica a poucos quilômetros da fronteira. Mas o principal destino dos veículos brasileiros é Melo, capital do departamento de Cerro Largo, e que fica a cerca de 60 km da fronteira com o Brasil.

A reportagem da RBS TV esteve por três vezes no município. O número de carros com placas brasileiras na cidade com pouco mais de 50 mil habitantes, chama a atenção. São carros novos, outros com pouco tempo de uso, mas a maioria com mais de 10 anos de rodagem. Muitos estão largados nos pátios e alguns até abandonados nas ruas, outros têm até números de identificação das placas pintados a mão em um pedaço de plástico, mas com os códigos de placas do Brasil.

A equipe da RBS TV anotou as placas de cerca de 200 carros nas ruas. Ao fazer o levantamento, várias histórias de veículos com busca e apreensão, alienação fiduciária, licenciamentos vencidos e até carros roubados e clonados.

Um dos veículos, um Logan, estava estacionado na esquina da rodovia Ruta 8, um dos principais acesso a Melo. O carro ano 2008 apresentava aspecto de novo, bem cuidado, mas o veículo não deveria estar no Uruguai. Ele foi roubado no início da tarde do dia 1° de outubro do ano passado, no bairro São Luís, em Canoas. O proprietário Robson Dubiel Vieira estacionou o veículo na frente de casa para ir almoçar, mas quando voltou, o carro havia desaparecido.

A reportagem encontrou o Robson, que tem um pequeno estacionamento, em Canoas, e mostrou a imagem do veículo estacionado no Uruguai.

Repórter – Tu lembra a placa do carro?

Robson – HIO 9804

Repórter – tipo esse aqui? (mostrando imagem do carro estacionado no Uruguai)

Robson – Perfeito. É esse mesmo.

Repórter – Esse é o teu carro?

Robson – De acordo com a placa, sim.

Repórter – Se eu disser que esse carro tá circulando livremente no Uruguai?

Robson – Ah, eu ficaria um pouco surpreso. Um pouco não, muito surpreso, porque até então eu não tinha mais esperança de localizar esse veículo.

Robson está em contato com a polícia para ver como será recuperado o veículo no país vizinho.

Na principal rua do comércio do centro de Melo, a reportagem encontrou outro veículo brasileiro, um Pálio, de Poro Alegre. Um carro vermelho, modelo 2011. Ao buscar o proprietário, se descobriu que o carro nunca esteve no Uruguai. O verdadeiro carro sempre esteve na capital gaúcha.

A reportagem encontrou o veículo estacionado em um condomínio no bairro Rubem Berta, Zona Norte de Porto Alegre. Segundo o proprietário, Kevin Rodrigues, um militar, de 24 anos, o carro nunca esteve no Uruguai.

Repórter – Já esteve com esse veículo no Uruguai?

Kevin – Não, nunca passei nem perto do Uruguai, nunca tive no Uruguai.

Repórter – Faz quanto tempo que tu tens o carro?

Kevin – Dez meses que eu comprei ele.

Repórter – Te mostrando esse vídeo, reconhece esse veículo?

Kevin – É, a placa eu reconheço mesmo. É parecido com o meu, mas realmente não é o meu.

Repórter – Clonaram?

Kevin – É o que parece. Não sabia. Isso é assustador.

Na cidade uruguaia, também há muitos veículos brasileiros sendo comercializados nas ruas. Em um bairro mais afastado do Centro de Melo, a reportagem buscou informações com o proprietário uruguaio de um carro que estava com um anúncio escrito numa folha de papel: “se vende, con seguro al dia”. O carro oferecido para venda e garantindo seguro em dia é um Chevrolet Prisma, ano 2007, com placas de Florianópolis.

Sem saber que estava sendo gravado, o uruguaio, que se apresentou como Roberto, em “portunhol”, passou informações sobre o veículo.

Repórter – Bom dia. Passei aqui agora e vi que está à venda.

Vendedor uruguaio – Está à venda.

Repórter – Quanto?

Vendedor uruguaio – Pedi 40 (40 mil pesos, cerca de R$ 4,5 mil)

Repórter – Quarenta mil pesos?

Vendedor uruguaio – Me dá 38 que pode levar.

Quando o repórter perguntou se daria para cruzar a fronteira para o Brasil com o carro, o vendedor revelou que o veículo é mais um dos tantos irregulares que seguem rodando no Uruguai.

Repórter – Para rodar no Brasil é tranquilo?

Vendedor uruguaio – Não, esse não dá para rodar no Brasil.

Repórter – Não dá para rodar?

Vendedor uruguaio – Não dá. Se não, não te vendia por esse preço.

Repórter – Por quê?

Vendedor uruguaio – São todos alienados, alguma coisa assim. Todos esses carros com as chapas do Brasil, têm problemas lá.

O homem também revelou que a compra foi feita com intermediários e explicou que basta ter um seguro contra terceiros, uma espécie de carta verde, para transitar tranquilamente com o carro pelo país dele.

Repórter – O senhor comprou direto do Brasil?

Vendedor uruguaio – Não, comprei por intermediário um auto e anda aqui, mas tu nunca vai conseguir ter a documentação certa (legal) para passar para o outro lado (Brasil). Tem que andar aqui no Uruguai.

O carro que o uruguaio estava vendendo na porta de casa, está com licenciamento vencido desde 2013, além de estar alienado. O veículo ainda consta em nome de uma brasileira, Iara Crisitina Machado João, que mora em Florianópolis (SC), portanto, não poderia estar em outro país e nem sendo vendido por um uruguaio.

A reportagem encontrou Iara trabalhando. Ela é faxineira em um edifício de classe média na capital catarinense. Iara não sabe explicar como o carro foi parar no Uruguai. Ela lembrou que o veículo era dela, que não teve condições de pagar as prestações e que repassou para um antigo vizinho, mas que não nunca recebeu o valor da venda e que a informação era de que o carro havia virado sucata.

Repórter – Como esse carro no teu nome foi parar no Uruguai?

Iara – Eu vendi ele para um vizinho, ele sumiu com o carro. Disse que o carro tinha se acidentado no Paraná, virado em nada. Que estava numa garagem. E, agora, isso no meu nome.

Iara disse que iria buscar contato com o vizinho e mandar documentos que comprovariam que vendeu o carro, mas a reportagem não conseguiu mais contato com ela.

Negócios no Uruguai

Samir Izzat, apontado com chefe da quadrilha, não foi encontrado durante a operação, mas ele foi indiciado pela Polícia Civil na última sexta-feira (11). Os outros indicados são: Sadam Mohamed Izzat Rops, Yussef Izzat Yussef, Marufi Izzat Yussef, Mustafá Ali Mohamed Ali, Ayman Ali Mohamad e Rafael Thums Bandeira.

Segundo o delegado que comandou a investigação, Samir negociava pessoalmente os veículos que eram vendidos para o Uruguai, inclusive, ele é procurado no país vizinho.

“Samir e um dos irmãos foram presos em flagrante no Uruguai com um carro roubado. Samir foi preso dentro da Aduana, numa operação da polícia uruguaia, eles fizeram o recolhimento, e daí, quando o juiz deu uma liberdade provisória para ele lá no Uruguai, ele acabou voltando para o Brasil e ficou aqui e não voltou mais”, conta o delegado Cristiano Ritta.

Outros dois indiciados são os donos de guinchos da Região Metropolitana de Porto Alegre, Diego Presser e Rafael Prestes dos Santos. Rafael foi o guincheiro que, sem saber que estava sendo gravado por um repórter, disse que levava veículos ilegais para a fronteira. Todos foram indicados por organização criminosa, receptação qualificada e adulteração de veículos.

Fiscalização falha no Uruguai

Devido ao grande número de veículos brasileiros rodando no Uruguai sem documentos necessários e, portanto, ilegais, houve um relaxamento da fiscalização da polícia uruguaia. Segundo o chefe de polícia do departamento de Cerro Largo, comissário geral Wilfredo Rodriguez, os depósitos estão cheios de carros brasileiros. Há demora para saber o histórico de todos estes veículos e isso superlota os terrenos.

“Não temos acesso aos dados dos veículos no Brasil para saber se são roubados ou clonados. Somos apenas um braço da Fiscalía (semelhante ao Ministério Público no Brasil), há também a falta de fiscalização nas fronteiras. Estamos autuando e recolhendo apenas carros que se envolvem em acidentes. Os pátios estão lotados”, explica o chefe de polícia sediado na cidade de Melo.

Placas do Mercosul, uma solução para esses casos?

Uma esperança para evitar crimes como esses é o novo modelo de placas, as chamadas placas do Mercosul. As novas placas já começaram a ser implantadas no Rio de Janeiro, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul e, segundo resolução do Contran (n. 729/2018), o novo modelo devem ser adotados pelos Detrans até 30 de junho de 2019.

Em nota, o Departamento Nacional de Trânsito, Denatran, diz que um dos objetivos da adoção do novo modelo de placas nos países membros do Mercosul é justamente coibir o crime e o furto ou roubo de veículos, bem como a circulação de veículos com restrições entre as fronteiras. Assim, há a expectativa da diminuição da circulação de carros em situações irregulares ou com restrições, já que a expectativa é que ocorra a integração e compartilhamento de dados (confira a nota na íntegra abaixo).

O que diz a defesa dos suspeitos

O advogado Alex Barreto Vaz, que faz a defesa dos investigados, diz que aguarda ter acesso ao inquérito e ao conjunto de provas para se manifestar sobre os indiciamentos. A respeito dos crimes de receptação e adulteração de veículos, ele ressalta que dos cinco presos em flagrante, dois já foram liberados.

Sobre o crime de associação criminosa, o advogado disse que isso é um equívoco pelo fato dos investigados serem parentes e ressalta o xenofobismo, pela descendência árabe. Sobre a venda dos carros alienados, busca e apreensão, com multas ou restrições, ele disse que apesar de não ser correto esse comércio é uma prática comum nas regiões de fronteira.

Nota do Denatran

O novo modelo de placas de identificação veicular foi implantada, inicialmente, no mês de setembro no Estado do Rio de Janeiro. Em seguida os seguintes estados adotaram o referido modelo: Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

Conforme a Resolução CONTRAN nº 729/2018, alterada diversas vezes ao longo de 2018, o novo modelo de placas de identificação veicular devem ser adotadas pelos DETRANs até 30 de junho de 2019.

A mudança do modelo de placas depende da integração sistêmica entre cada DETRAN e a base de dados do RENAVAM, bem como do credenciamento de fabricantes e estampadores que cumpram os novos requisitos.

Não há limite temporal estabelecido para que todos os veículos em circulação adotem o novo modelo de placas. Os veículos estarão obrigados a utilizarem o novo modelo de placas nos casos de primeiro registro (veículos novos), mudança de propriedade ou de município e caso a placa antiga apresente alguma avaria ou dano.

Um dos objetivos da adoção do novo modelo de placas nos países membros do MERCOSUL é justamente coibir o crime e o furto/roubo de veículos, bem como a circulação de veículos com restrições entre as fronteiras. Assim, há a expectativa da diminuição da circulação de veículos em situações irregulares ou com restrições.

Uma das formas de conter o fluxo de veículos irregulares ou com restrições entre os dois países é através da integração entre os órgãos de trânsito e dos órgãos de segurança pública e, também, das repartições aduaneiras e dos órgãos de controle de fronteira para comunicação direta ao RENAVAM a entrada e saída temporária ou definitiva de veículos.

O Denatran não dispõe de fonte no momento para conceder entrevista, tendo em vista o período de transição que o departamento se encontra.

Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2019/01/14/policia-investiga-o-envio-de-cerca-de-500-veiculos-roubados-ou-irregulares-para-a-fronteira-do-rs.ghtml

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